Desespero humano



Quando sinto vontade de escrever, é tão forte que não consigo fazer nada sem antes atender ao chamado.
Ontem estava na internet fazendo umas coisas, quando abri o Facebook e li a mensagem triste com a notícia da morte do filho de uma antiga amiga. Um lado meu desejava saber a causa, mas outro dizia que perguntar ofenderia a informante.
Pensei o que poderia acontecer se eu perguntasse, pesei os prós, os contras e decidi perguntar.
- Ele se matou. Respondeu.
Quando dei a notícia para minha mãe, ela perguntou porque ele fez isso.
- O desespero humano. Ninguém se mata por estar muito feliz, realizado. Ninguém em sã consciência acorda pela manhã e diz: "Hoje estou tão feliz que vou me jogar na frente de um carro!" Não sei como aconteceu, mas a ideia do suicídio é recorrente até chegar ao ato. 
Outro dia quando cheguei na casa do meu primo, estava ele e família com os olhos arregalados na sala enquanto na cozinha, a panela de pressão espirrava feijão por todo lado. Ensinei a eles o que fazer naquele caso e não soube de novas ocorrências.
Mas porque você troca de assunto tão rápido?
Comparo a depressão como uma panela de pressão. Se a enchermos acima do permitido, se não observarmos a condição da sua válvula, ela pode espirrar o líquido para todo lado ou até explodir, provocando um grande estrago.
A panela de pressão não tem a intenção de “ferrar” com a vida de ninguém. Ela é uma ferramenta que foi pensada com o objetivo de auxiliar no cozimento rápido de alguns alimentos.
Igualmente a pessoa que comete o suicídio não tem a intenção de prejudicar ninguém, ela quer acabar com o seu próprio sofrimento. Acredito que viemos ao mundo para auxiliar uns aos outros, mas assim como a válvula da panela de pressão, a saúde mental precisa ser observada e não deixada de lado.
Neste mundo tão visual, de aparências, não temos o hábito de falar sobre os nossos sentimentos, em especial, os homens. e talvez seja por causa disso que de acordo com a OMS Organização Mundial de Saúde, o número de suicídios do sexo masculino é superior ao feminino.
Por outro lado, entre conversa de cuidadoras é comum ouvir: - Preciso cuidar de tudo, não tenho tempo nem de ir ao médico! Como se fossem super-heroínas com uma proteção especial. Se esquecem da sua condição de humanos e que o cuidado a terceiros só é possível quando estamos bem. Como está escrito na bíblia em Mateus 15:14
“...Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”. 
Encerro este texto com a seguinte pergunta:


Cuidamos da aparência, do visível aos olhos dos outros, mas o quanto nos dedicamos em cuidar da nossa saúde mental? 


Ana Helena A.de Souza
Psicóloga

CRP 05 / 39678

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