Passagem pela crise. De quem é a culpa?
Quem já está acostumado com os meus textos,
sabe que quase não uso a palavra culpa, por não acreditar que haja culpados,
mas responsáveis. O título é só uma provocação.
Ao primeiro sinal de uma crise psiquiátrica,
a pessoa costuma ser levada a emergência onde é medicada e encaminhada para o ambulatório, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou internação por um curto período de tempo até a sua estabilização.
Durante o tempo em que trabalhei na saúde
mental, ouvíamos queixa de familiares falando da impossibilidade em se manter o
doente em casa e etc. Ouvi de alguns que a luta antimanicomial era coisa de
pessoas que não tem parentes com transtornos entre outras coisas que não cabe
escrever aqui.
Mas como funciona? Algumas pessoas negam
que seu parente tem algum problema até virar um “transtorno” para a
família.
Quando acontece, querem urgência.
Tem que ser agora! Engrossa o coro.
O médico prescreve um medicamento e a
maioria não segue a prescrição.
Se acha que o paciente está agitado
aumenta a dosagem e quando vê que o paciente está letárgico, diminui as
dosagens em menos de 1 semana sem antes consultar o médico. Os medicamentos têm
tempo para fazer efeito, não é rápido como muitos pensam e não podemos esquecer
dos efeitos colaterais que são muitos. Às vezes é o paciente que se recusa a tomar o medicamento.
Há aqueles familiares que fazem tudo como
os profissionais recomendam e quando vê melhora no quadro, param o tratamento.
Poucos são os que se comprometem com a saúde de seu familiar.
As crises podem ser provocadas por
negligência no tratamento (abandono do tratamento que consiste em medicamentoso
e psicológico, falta ou excesso de medicamentos entre outros). Pode ocorrer
também por questões emocionais (traumas, perdas, decepções etc.) o que nem
sempre temos controle.
Esse texto não é para acusar as famílias de
negligência, mas mostrar que é impossível se curar sozinho sem a ajuda da
família.
Não importa quem errou. A pergunta adequada
é:
O que fazemos agora?
Ana Helena A. de Souza
Psicóloga e Coach
CRP 05/39678
Comentários
Postar um comentário