Igualdade racial?


Antes de publicar esse texto pensei bastante, mas cheguei a conclusão de que se não for divertido, se eu não me permitir escrever sobre o que bem entender, não valerá a pena continuar. Sendo assim, me permito ser eu para o bem ou para o mal.
Poderia optar em ser um personagem, mas dispenso. Que pessoa e que profissional eu seria? Como poderia me encarar no espelho? O que poderia oferecer as minhas clientes se eu fosse uma fraude? Então vai.
Certa vez eu disse a uma conhecida que uma das vantagens de usar transporte público é que durante o tempo em que viajo, tenho diversos insights. Claro que isso não é exclusividade de coletivos, mas tive muitas experiências nesses transportes.
Estava sentada no ônibus esperando a hora de descer, quando uma senhora que deve ter entre 55 a 60 anos, talvez um pouco mais.
Pois bem, era uma mulher madura muito bonita, olhos castanhos, negra, esguia e que apesar de sua natural elegância, a sua postura e seu olhar pareciam se desculpar por ocupar o mesmo espaço que os demais.
Ela vestia uma blusa e saia, não lembro as cores, só lembro que eram apagadas e não realçavam sua beleza. Seus cabelos grisalhos e crespos, pareciam ter sido presos rapidamente, olhos castanhos claros e em sua boca observei que havia um sorriso bem sem jeito.
Esse episódio me lembrou de uma idosa  que certa vez foi apresentada a um jovem rapaz e falou algo que para outros pode ser besteira, mas me marcou.
- Prazer, sou Fulana, sua escrava!
Como assim? Questionei. Teoricamente a escravidão acabou faz tempo, mas muitos de nós negros ainda tem o que chamo de "mente de escravos". São pessoas que pela sua autoestima baixa, sentem-se inferiores e acham que em toda vida devem reverenciar aos demais: aos que têm posses,  nível acadêmico entre outros aspectos que considera vantagem sobre si.
Infelizmente a sociedade ainda reforça esse comportamento de subserviência. As domésticas da TV são o modelo de reverência e quando não, são julgadas e vistas como seres malvados.
Por outro lado, há aqueles que querem reforçar a imagem do negro "brigão e barraqueiro". Estereótipo este que eu dispenso.
Enfim, na vida o equilíbrio em tudo é sempre bem vindo.
Muita gente critica o dia da igualdade racial dizendo que é uma forma de segregação, mas eu vejo como uma oportunidade de debater o tema.
Queria acreditar no fim da discriminação, mas mesmo se ela deixasse de existir, seria válido aproveitar essa data como mais um dia para lembrarmos  a história esquecida de nossos heróis negros.
Apesar da Lei dizer que têm os mesmos direitos, sabemos que infelizmente isso não é verdade. Diariamente vemos tantas injustiças, preconceitos, negros vistos como 'suspeitos', entre outras coisas.
Essa história poderia continuar, mas resolvo para aqui.
Por um mundo onde todos os seres humanos vivam como irmãos.

Axé


Ana Helena A. de Souza
Psicóloga e Coach de Mulheres Cuidadoras
CRP 05/39678

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