PROVOCADORES DE CRISES?

Conversava com uma pessoa até que ela comentou que sua professora no curso de enfermagem disse em sala de aula: 

“As vezes tenho a impressão de que os familiares de portadores de transtorno mental provocam o paciente até a crise só para ele ser internado e ter uns dias de folga”. De acordo com ela, todos na sala riram.

Como profissional da saúde mental, fiquei indignada ao ouvir essa afirmação e saber que se tratava de uma autoridade, professora que está formando outros profissionais da saúde.

Após ouvir essa "pérola", vários questionamentos pipocaram em minha mente. 

Que tipo de profissionais temos na saúde? 

Que profissionais estamos formando? 

Por onde anda a empatia? A nossa capacidade de se colocar no lugar do outro? 

Como assim? Ainda existe alguém no mundo que acha essa prática natural?

Quem em sã consciência seria capaz de sabotar a própria vida? 

Formada por membros, a família é como um corpo humano e quando um dos membros, por menor que seja não está bem, todo o corpo sofre.

Com a reforma psiquiátrica, os direitos do paciente foram assegurados, o que é ótimo já que muitos eram abusados e maltratados durante os longos períodos de internação. Porém hoje o que vemos, é o desrespeito com os familiares que se veem impotentes diante da responsabilidade com o portador do transtorno ou outras doenças e refém da sociedade que está pronta para elegê-lo como aquele (a) que, deve abrir mão de sua própria vida para o cuidado exclusivo do seu familiar e acusá-lo de não está fazendo a sua parte.

"O transtorno mental como qualquer outra patologia afeta toda a família, mas o que a sociedade  como um todo, oferece para o familiar além da imensa lista de obrigações?"

Não é por acaso que alguns familiares acabam adoecidos e reproduzindo um comportamento diferenciado.